Só quem presenciou o cenário político das eleições anteriores sabe a grande diferença que esta eleição foi diante de todas as outras. Essa diferença se deu por conta de alguns "apps", utilizados para a comunicação, os quais chamamos de Facebook e WhatsApp, e que, diga-se de passagem, tem alienado o pensamento e a forma de agir de muitos.
Hoje, a maioria da população Matarromense já tem um celular consigo. Uns utilizam pela funcionalidade, já outros pelo entretenimento que ele proporciona na hora do ócio. Todavia, acima de tudo, esse aparelho tem como finalidade a comunicação, e é por isso que com ele vem uma série de "apps" que dispõe de diferentes formas de comunicar.
Teoricamente, o celular deveria oferecer uma forma sigilosa de relação, e também uma certa paz, mas na prática não é bem assim. Como diz Zygmunt Bauman: "As relações humanas não são mais espaços de certeza, tranquilidade e conforto espiritual (...)". Cada vez mais as pessoas estão se deixando dominar pelos "apps", permitindo assim que eles determinem o humor, e até mesmo a forma de se viver.
Ao entrar na rede, o medo e a desconfiança tomam de conta dos usuários, que sabem que essa estrutura sigilosa e protegida, pode, ao mesmo temo, levar à exposição. Em Mata Roma, o que tem se visto ultimamente foi o cúmulo da exposição. Uns se expõe por "livre e espontânea vontade", como aqueles que tiram fotos de tudo aquilo que está fazendo; essas pessoas, provavelmente, buscam um reconhecimento, os "likes" parecem dar sentido à sua existência, mas mal sabem elas da ilusão que vivem. Já os outros se expõe pela "ignorância" que têm diante dos aparelhos; essa, certamente, é a pior exposição, pois acaba levando ao público toda intimidade da pessoa, e, às vezes, do amigo, ou inimigo da pessoa "ignorante".
O fato é que os "apps" têm tomado um grande espaço da vidas das pessoas, e isso é muito preocupante, pois as relações não estão sendo mais as mesmas, cada um assume uma identidade diferente, e, às vezes, segue um padrão de vida imposto pela rede, e quem não o segue é tido como estranho. O Facebook tem se tornado um lugar de ostentação e o WhatsApp um lugar de intimidades, ambos lugares de isolamento, hipocrisia e narcisismo. O problema não está em usar, ou não, mas sim como utilizar. Cada um vai decidir se vai utilizá-los para o bem, ou para o mal. Você decide se eles irão "pensar por você". Você vai decidir se vale a pena ficar preso nos "apps", vendo pessoas que buscam, incessantemente, alimentar o seu ego, e também buscando a popularidade.
Em suma, é necessário ter muito cuidado com os nossos dispositivos móveis e seus "apps", pois aquilo que pode servir como "válvula de escape", e que também é o lugar da liberdade, pode trazer muito mais problemas, exposições, angustias, e o cárcere tácito.
Escrito por: César Almeida II
